Professora e aluno em um caso.


Professora e aluno em um caso


Nada de dar entrevista no escuro, com voz distorcida ou nome fictício. O produtor mineiro de teatro Davi Castro, de 29 anos, conta sem constrangimento que foi aliciado sexualmente aos 11 anos, por uma professora de 24. Dizendo-se empenhado em 'ajudar as famílias que enfrentam o mesmo problema', Davi é o maior divulgador de sua própria biografia. Escreveu até um livro. Tia Rafaela, como ele chamou a professora, foi lançado na semana passada com noite de autógrafos em Belo Horizonte.
Pai aos 13 anos, emancipado aos 17, Davi se casou aos 19 e, cerca de um mês depois, saiu de casa para assumir-se homossexual. Desde então, afastaram-no do convívio com o filho. O garoto tinha sido registrado pelo marido da professora, com quem ela esteve casada durante todo o tempo em que se relacionou sexualmente com Davi. Os dois, agora, são divorciados.
Jeitão de menina. O livro tem 176 páginas, letras grandes e leitura fácil. Na forma de um relatório, conta a história desde o dia em que o menino se sentiu atraído pela professora. 'Com seu jeitão de menina, shortinho de lycra e camiseta branca do Piu Piu, ela tinha um corpo de chamar a atenção. Era professora de Educação Física: 'Meu nome é Rafaela, mas pode me chamar de Tia Rafaela', disse.'
Poucas semanas depois da apresentação, a professora o consolou quando ele terminou o namorinho com uma colega de turma. A partir daí, o relacionamento tornou-se cada vez mais íntimo. Davi descreve em detalhes o aliciamento, as carícias, o ciúme dela pelas coleguinhas dele, e o dele pelo marido dela. De acordo com o livro, os dois faziam sexo 'incansavelmente' na cama do casal.
Bomba na sociedade. Além de difundir as boas intenções de Davi , a obra vai ressuscitar uma história que caiu como uma bomba na sociedade de Belo Horizonte. O caso foi parar nas primeiras páginas dos jornais. As manchetes: 'Professora é acusada de abuso sexual' ou 'Mestra Confessa sua Paixão'.
Massacrada pela opinião pública, ''Tia Rafaela'' sumiu de circulação. Davi diz que a professora não chegou a ser indiciada. 'Ela é filha de um juiz muito influente na cidade', escreveu. Será que a professora sabe do livro? 'Dificilmente. Não temos contato nem pelo telefone', diz.
O início. Davi se mudou para a casa de 'Tia Rafaela' pouco depois que sua mãe, desempregada, recebeu uma oferta de emprego em Florianópolis. 'Fiquei com meu pai. Ele vivia em um quarto minúsculo, sem fogão, geladeira, mesa ou cadeira. O banheiro era comunitário, aquilo nem era uma casa.'
Na entrevista, Davi culpa a professora. Fala dela como uma mulher perversa e irresponsável. No livro, contudo, ele não a apresenta como uma inimiga, mas como alguém que o ama incondicionalmente. 'Eu era uma criança pobre, seduzida por uma vida de conforto, luxos, prazeres. Não tinha ideia de como aquilo me prejudicaria', diz.
Quando a professora ficou grávida, Davi contou para a irmã, que contou para a mãe. 'Meu filho, como assim? Isso é atitude de pessoas doentes. Isso é estupro! Se isso for mesmo verdade, é pedofilia', reagiu a mãe.
Davi não nega que o fato de ser um garoto aliciado por uma mulher, e não uma garota por um homem, levou a maioria machista a achar a história 'menos grave'. Seu pai falava com orgulho das temporadas que ele passava com a 'tia'. O próprio Davi afirma que se sentia 'mais homem' que seus amigos: 'Não tinha noção do que estava acontecendo.'
Será? Acha mesmo uma boa estratégia, para quem quer retomar o contato com o filho, publicar um livro que pode expô-lo na escola do mesmo jeito que aconteceu com você? 'Ele tem o direito de conhecer a própria história. Pelo livro, vai ter uma visão positiva', acha Davi.
Nenhum dos envolvidos quer falar do assunto. 'Tia Rafaela' permanece em silêncio, morando com o filho. O garoto, hoje com 14 anos, o procurou para comer pizza. 'Percebi que a mãe o mandou para ver se eu retirava o processo de reconhecimento de paternidade.' Seu filho sabe que você é homossexual? 'Acredito que a mãe dele já tenha contado. Mas não me preocupa. Me preocuparia se eu fosse um pedófilo.'
TRECHOS
Sexo
'Era comum que ela alugasse filmes pornôs. Dizia que se excitava ao vê-los do meu lado. Transávamos e comíamos um lanche para repor as energias. (...) Entre uma tarefa escolar e outra, rolava muito sexo.'
Amor
'Está bem, mãe, eu amo Tia Rafaela e sou o pai daquela criança. Tia Rafaela diz que não ama mais o Marcelo (marido). Que sou eu quem ela ama.'
Escândalo
'Meu filho, como assim? Isso é atitude de pessoas doentes. Isso é estupro! Você é apenas uma criança e, se isso for mesmo verdade, isso é pedofilia.'
Estratégia
'Então vamos falar que você inventou essa história de que tinha um filho com Tia Rafaela porque você ficou com medo de que sua mãe descobrisse que você era gay.'(do advogado de tia Rafaela)
O namorado
'Já não tinha mais volta. Abraçamo-nos, beijamo-nos, foi tudo muito rápido.
- Qual o seu nome?, perguntou. - Davi. E o seu?
- Cris.'




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***FRANCIS DE MELLO***