quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

FALSO PASTOR É PRESO POR MANTER ÍNDIOS SOB CÁRCERE PRIVADO


Falso pastor é indiciado por ter mantido índios em cárcere privado



Falso

Antonio Alenquer Pereira Pontes foi preso em Lábrea
O falso pastor Antonio Alenquer Pereira Pontes, que passou 10 dias desaparecido com 14 índios da etnia Paumari (cinco adultos, sete adolescentes de 12 a 16 anos, um menino pequeno e um bebê de colo) , foi indiciado em Lábrea (AM) por cárcere privado, ameaça, estelionato e falsa identidade.
Pontes é acusado de ter mantido os índios sob terror e intimidação durante uma viagem supostamente destinada a ir buscar material e mercadorias prometidas por ele aos habitantes da aldeia Crispim, no Rio Purus.
- Toda hora ele dizia que ia me bater com uma corda. Meu pai nunca me bateu. Eu não entendia por que esse homem queria me bater, nem por que ele dizia que seríamos todos presos. Nós não matamos ninguém. Nós tínhamos que ficar o tempo todo escondidos na canoa e cada vez que passava um motor ele dizia que era a polícia nos procurando. A gente não podia conversar, nem olhar um para o outro. Ele só deixava a gente sair do barco para fazer as coisas que ele mandava - relatou uma adolescente.
Os indígenas contaram que não chegaram a passar fome, mas não podiam dormir por causa do medo e dos carapanãs (pernilongos) no rio.
- Agora passo o dia chorando porque foi muito sofrimento que passamos nas mãos desse homem - relatou à antropóloga Oiara Bonilla  a adolescente paumari que viajava com o falso pastor.
Pontes dizia aos índios que era filho de desembargador e que mandaria matar a todos na aldeia caso fosse preso. Os índios eram obrigados a servi-lo, tendo, por exemplo, que retirar seus sapatos e meias, sem reclamar.
- Ele também disse para nós que era um “mentalista”, que ele lia a mente das pessoas. Disse que ensinaria as mulheres a se tornarem “mentalistas” como ele.
Alguns paumari estão prestando novos depoimentos na delegacia de Lábrea nesta quarta-feira (25). A polícia quer esclarecer alguns pontos e obter mais detalhes sobre o ocorrido ao longo dos dez dias em que os índios estiveram viajando com o falso pastor.
A prisão dele aconteceu após a antropóloga Oiara Bonilla denunciar o caso no Blog da Amazônia. A antropóloga é pesquisadora do Museu Nacional e trabalha junto aos Paumari desde 2000.
- Nos próximos dias, os paumari estarão voltando para a aldeia, e provavelmente conversarão e refletirão muito sobre o ocorrido, para que fatos como esse nunca mais se reproduzam. O triste episódio também serve como alerta para todos nós, pois aponta para a extrema fragilidade e exposição que a região do Sul do Amazonas vive. Ela estará cada vez mais exposta com o avanço do desmatamento e da frente agropecuária do norte de Rondônia - comentou a antropóloga



Polícia captura falso pastor que havia desaparecido com 14 índios da etnia paumari


Paumaria na aldeia
Índios paumari num mutirão de limpeza na aldeia Crispim

Um homem que se apresentou como pastor e estava desaparecido há mais de uma semana com 14 índios da etnia paumari que vivem na aldeia Crispim, no Rio Purus, foi preso na noite de sexta-feira (20) no município de Canutama (AM) durante uma operação que envolveu a Polícia Civil e funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Amazonas.
Antônio Alenquer Pereira Pontes, de 45 anos, que tem passagem pela polícia como estelionatário, estava sumido desde o dia 12 de janeiro, acompanhado de cinco adultos, sete adolescentes de 12 a 16 anos, um menino pequeno e um bebê de colo.
Policiais civis e funcionários da Funai de Lábrea, Canutama e Humaitá, que participaram da operação, disseram que os indígenas aparentemente estão bem.
O falso pastor estelionatário será transferido de Canutama para Lábrea, onde será interrogado e possivelmente indiciado por aliciamento de menores. Os paumari também serão interrogados em Lábrea.
A Funai de Lábrea comandou a operação com policiais das três cidades. Enquanto em Lábrea continuavam investigando sobre os antecedentes de Antônio Alenquer Pereira Pontes, a policia de Canutama iniciava as buscas no Rio Mucuim, afluente da margem direita do Rio Purus.
Segundo relato do coordenador regional da Funai de Lábrea, Armando Soares, no trajeto a polícia encontrou os paumari. Os indígenas estavam todos juntos, se dirigindo para Canutama.
Indagados sobre o falso pastor, os indígenas informaram que o mesmo havia pedido para parar em uma comunidade ribieirinha chamada Belo Monte, na beira do Rio Purus.
Os funcionários da Funai e os policiais pediram que os paumari prosseguissem no caminho, mas permanecessem em Canutama, e seguiu na direção de Belo Monte, onde prendeu o falso pastor.
Ainda na noite de sexta, o falso pastor foi transferido para a delegacia de Canutama, onde aguarda transferência para Lábrea.
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No Amazonas, falso pastor desaparece com 13 índios da etnia paumari.

Casa paumari no verão
Casa paumari no verão.

Um homem que se apresentou como pastor e “parente” dos índios Paumari, da Aldeia Crispim, no Rio Purus, no Amazonas, desapareceu, segundo denúncia dos moradores, com 13 índios da etnia - cinco adultos, seis adolescentes de 12 a 16 anos, um menino pequeno e um bebê de colo.
No sábado (14), recebi um telefonema de uma mulher paumari, moradora da Aldeia Crispim, situada na Terra Indígena Paumari do Lago Marahã, no município de Lábrea (AM). Ela estava muito preocupada com sua filha mais nova e seus netos que haviam sido levados por um homem que se apresentou na aldeia como pastor.
A história que a mulher relatou foi a seguinte: No dia 24 de dezembro, os habitantes paumari da Aldeia Crispim, receberam a visita de um homem, desconhecido, que dizia-se pastor e descendente de índios macuxi.
O suposto pastor chegou acompanhado de um morador da aldeia, que ele conhecera em Lábrea poucos dias antes. O pastor pregou e encantou a todos com sua lábia e a qualidade de suas pregações.
Apresentou-se como compositor de musicas evangélicas e também como advogado que poderia ajudá-los, tanto no desenvolvimento de sua igreja, como na construção de uma escola melhor e na obtenção de inúmeros bens.
O suposto pastor e compositor vendeu dezenas de CDs aos moradores da aldeia Crispim, prometeu que os ajudaria a obter uma antena de rádio, luz elétrica, computadores, máquinas de lavar roupa e fornos para aliviar as tarefas quotidianas. Disse, ainda, que graças a ele, poderiam também instalar internet na aldeia.
Após vários dias de pregações e promessas, pediu ajuda aos paumari, pois seu cartão de crédito tinha sido bloqueado e precisava de dinheiro para voltar, para ir buscar tudo o que tinha prometido. Segundo o relato da mulher, várias pessoas da aldeia teriam emprestado dinheiro para o suposto pastor, inclusive pedindo empréstimos no banco da cidade.
Finalmente, o suposto pastor convidou o morador que o havia levado para a aldeia a acompanhá-lo em sua viagem de volta para buscar o material prometido. Partiu levando o homem paumari e toda a sua família (esposa, filhos, nora e neto), uma jovem mãe solteira, duas sobrinhas dela, sua filha mais velha e seu filho pequeno.
Prometeu que as moças seriam empregadas como secretária, lavadeira e babá e receberiam R$ 1,2 mil por mês. E partiram de barco, supostamente até a cidade de Canutama no início da semana passada, e teriam seguido pelo Rio Mucuim, na direção de Porto Velho, e parado no quilômetro 70 da estrada Lábrea-Porto Velho.
De lá, o pastor teria telefonado para uns parentes dos paumari em Lábrea dizendo que estava tudo bem e que voltariam com um barco e dois caminhões com as mercadorias e o equipamento prometido.
Desconfiados, alguns moradores da aldeia comunicaram o fato ao posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Lábrea. Um de seus funcionários avisou a Funai do município de Humaitá, além das delegacias de polícia de Humaitá e Canutama.
A Funai tentou interceptar o barco quando passava por Lábrea, sem sucesso, e seus funcionários estão aguardando notícias das delegacias das duas cidades. Segundo informações da Funai de Lábrea, é provável que o indivíduo seja um presidiário de Humaitá que teria obtido habeas corpus há pouco tempo.
História
Os paumari são um grupo de aproximadamente 1,3 mil pessoas, falantes de uma língua arawá, e habitantes das margens, dos lagos e dos igarapés do médio curso do Rio Purus.
A história desse povo ficou profundamente marcada pela chamada economia da borracha, - ou economia do aviamento - e pela instalação dos patrões na região, a partir de meados do século XIX. Estes impediam que os Paumari usassem as praias para cultivar e pescar durante o verão e exigiam destes uma dedicação exclusiva para saldar suas dívidas, contraídas através do aviamento de mercadorias.
Endividando-se com os patrões para comprar mercadorias e instrumentos de trabalho, eles ficaram intensamente envolvidos no sistema de aviamento e passaram a produzir (i.e. a extrair produtos vegetais e naturais) para saldar dívidas e obter mercadorias. Sua cosmologia e sua organização social foram fortemente marcada pela história, assim, o hábito dos jovens se empregarem em barcos de pesca, em colocações e seringais ou com comerciantes fluviais é uma herança dessa época.
Mais recentemente, com o declínio do patronato amazônico, a chegada das missões (na década de 1960) libertou-os da dependência dos patrões, mas modificou seu modo de vida, dividindo a população em “crentes” e “não-crentes”.
Desde então, e com a demarcação progressiva das terras (a partir dos anos 1990), procuraram restabelecer o ritmo de vida anual de alternância entre a terra firme e o rio e se reorganizaram politicamente, inclusive participando ativamente do movimento político indígena da região.
Atualmente, enfrentam sérios problemas   como todos os demais grupos da região    em relação à saúde indígena, à educação diferenciada e as invasões de terra, principalmente por barcos de pesca comercial. Os desafios maiores que enfrentam hoje são a migração de sua população para as cidades vizinhas (Lábrea, Tapauá, Porto Velho e Canutama) e o progressivo abandono de sua língua.


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***FRANCIS DE MELLO***

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