Em SP, casa 100% sustentável substitui
até ar quente por frio.
A estrutura metálica é preenchida por placas de cimento parafusadas que formam as paredes externas. Essa técnica de construção é conhecida como still frame.
A economia de recursos através da reciclagem, reutilização de materiais e diminuição de resíduos é uma das qualidades de uma construção sustentável. Na casa que o arquiteto Newton Massafumi Yamato e sua equipe do escritório Gesto Ambiental construíram em Santana do Paranaíba, em São Paulo, a busca por essa economia marcou todas as fases do projeto.
A preocupação começou na escolha do sistema construtivo. Em vez de alvenaria, a casa foi montada com o sistema still frame, composto por perfis de aço galvanizado (que determinam o esqueleto da construção) e painéis cimentícios (que, parafusados, formam as paredes). As placas têm tamanho padrão, mas as sobras de pedaços são cortadas.
“Como as peças são industrializadas, você tem pouca manipulação de materiais na obra, consegue diminuir os resíduos, o desperdício, e, consequentemente, tem uma construção mais limpa”, diz Yamato. Como utiliza pouca água, a obra é chamada de seca.
A placa de cimento é revestida com gesso no lado interno da construção. As paredes que dividem os ambientes são drywall (placas de gesso modeladas por suportes metálicos). “Não usamos blocos de concreto nem de cerâmica. Até as paredes dos sanitários são drywall“, conta o arquiteto.
O sistema hidráulico que passa por essas paredes (entre as placas de cimento e gesso) é mapeado. “Você tem um controle maior do que nas construções de alvenaria, e corre menos riscos ao fazer perfurações na parede” explica Yamamoto.
A opção por esses sistemas industrializados dão agilidade à construção, que se torna uma montagem rápida de peças. “Com esses sistemas, você pode fazer uma construção em oito meses”, calcula.
Para evitar o uso de ar condicionado, aquecedores e lâmpadas, a casa foi planejada para aproveitar ao máximo a luz e a ventilação natural.
Para não aquecer muito, a casa é protegida da insolação direta por ripas de madeira, que passam por frente, cobertura e fundos. O material usado no sombreamento é feito de material reciclado. “70% é gerado do plástico de sacolas de supermercado reciclado, e os outros 30% são de material orgânico.” Apesar de serem de plástico, as ripas parecem de madeira.
A iluminação natural é aproveitada pelas áreas envidraçadas “Os ambientes sociais e de circulação são muito bem iluminados.”
A casa, que tem a forma de dois blocos paralelos ligados por corredores e plataformas, é suspensa do chão, onde fica o jardim térreo. Abrindo portas e janelas superiores e inferiores, o ar fresco que vem do jardim sombreado entra na casa, criando um efeito chaminé: o ar quente, que estava no interior, sobe e sai pelas janelas altas, e, no seu lugar, entra o ar frio do jardim.
A água da chuva é coletada em uma cisterna de 13 mil metros cúbicos, tratada e reutilizada na irrigação e lavagem de pisos externos.
Sobre os gastos, Yamamoto acredita que a obra é relativamente mais cara. “Um projeto que tem condições ambientais mais corretas acaba sendo até 20% mais caro que os mais convencionais. Mas é interessante comparar isso com o desperdício de uma obra convencional, que chega ao índice de 30% de perdas. Então, em muitos casos, a cada três obras convencionais, você pode fazer uma nova”. Ou seja, vale fazer algumas contas para ver se o risco de desperdícios pode sair mais caro que os materiais necessários para uma casa verde.
“Você pode investir mais durante a obra, mas também pode ter o retorno desses gastos, na medida em que usa menos energia elétrica e água. Fazer a conta a médio prazo é muito importante.”
Materiais reciclados e reaproveitados formam uma casa 100% de acordo com os padrões de sustentabilidade.
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***FRANCIS DE MELLO***
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