quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"O CAPITÃO DO CONCÓRDIA NAUFRAGADO ESTÁ PROIBIDO DE FALAR ATÉ COM VIZINHOS SOB O MURO DE ONDE ESTÁ E AO TELEFONE"


Concórdia: Schettino, teste antidrogas e abandono de 300 incapazes.


Costa Concórdia.
Navio Costa Concórdia

Francesco Schettino, apontado como o grande responsável pelo trágico acidente com o cruzeiro marítimo Costa Concórdia, está em prisão domiciliar na cidade de Sorrento.
Pela legislação italiana, aquele que está em prisão domiciliar só pode se comunicar com os moradores da casa. Para se ter ideia, as linhas telefônicas ficam sob permanente escuta policial em razão da proibição de contatos com o exterior. O custodiado, por exemplo, não pode nem aparecer na janela ou em outra dependência para conversar com o vizinho de muro.
Parênteses. Como se sabe, o juiz brasileiro apelidado de Lalau, com base em laudos que apontaram saúde precária e oposição da procuradora Janice Ascari, está em prisão domiciliar. Nicolau está na sua mansão, localizada no aristocrático bairro paulistano do Morumbi. Não há vigilância e nem telefones sob escuta. E seus advogados empregam todos os recursos para evitar a repatriação de parte do patrimônio que está no exterior e é objeto de evasão.
A prisão domiciliar de Schettino não impediu manifestações de populares na frente do seu domicílio-prisão . Por incrível que possa parecer, ele virou herói na sua cidade natal, como mostra matéria desta quinta-feira (19) do conceituado jornal italiano Corriere della Sera: “Il ritorno trionfale di Schettino…”.
Na cidade de Sorrento, corre a versão de que o comandante salvou 4 mil pessoas. Os seus advogados de defesa sustentam a mesma tese. Esse juízo exagerado está baseado na manobra, depois do impacto contra o rochedo em frente à ponta da ilha de Giglio (Isola del Giglio), de conduzir o navio para o interior da baía, ao lado da ponta Gabbianella, de modo a evitar o avanço em águas profundas e distantes da ilha.
Uma das faixas exibidas na cidade sorrentina reproduzia uma frase famosa, exibida na praça São Pedro quando dos funerais do papa João Paulo II: “Santo, subido”.
Schettino, para a magistratura do Ministério Público de Grosseto (competente para a investigação e o processo sobre a tragédia de Giglio), está longe de ser santo. Além de mentir, cometeu erros técnicos e omissões. Fora a irresponsabilidade de deixar o navio com passageiros a bordo.
No momento, o procurador Francesco Verusio colhe relatos para comprovar que Schettino abandonou à própria sorte 300 incapazes, ou seja, crianças, velhos e deficientes que estavam a bordo do Concordia.
Já se sabe que Schettino, depois de desembarcar em segurança de um barco salva-vidas, ficou, em lugar seguro, observando o Concordia e esperando que ele afundasse.
Pelo que vazou do seu interrogatório, Schettino disse ter ingressado no bote salva-vidas para tentar resolver um problema de encalhe no cabo de aço e impedir a descida ao mar. Ao apresentar esse escape, não conseguiu explicar a presença, no mesmo bote salva-vidas, do segundo oficial Dimitri Ckristidis e da terceira oficial Silvia Coronica.
Dado o estado confusional e as elucubrações relatadas às autoridades, Schettino foi convidado a se submeter a testes antidrogas e álcool. No início, negou-se. Mas, quando começaram a ficar evidentes sua mentiras, resolveu fazer os exames. Os resultados ainda não são conhecidos.
Um novo filão investigativo está sendo explorado, como noticiou o jornal Corriere della Sera. Na sede da companhia Costa, proprietária da embarcação Concordia, funciona uma “sala de controle de emergência”. Nela, técnicos fazem plantão 24 horas. Schettino comunicou-se com a “sala de emergência” depois da colisão com o rochedo e não se sabe, ainda, que tipo de orientação recebeu.
Conforme apurado, além de Schettino e o pessoal de bordo envolvido nos erros e omissões, mais pessoas poderão ser responsabilizadas pelo acidente.
Pano rápido. Roberto Bosio, capitão da Marinha, pegou uma carona no Concordia. Era um simples passageiro. Quando percebeu o acontecido e viu Schettino e oficiais deixarem a embarcação, o capitão, com os caronas e capitães Alessandro Di Lena e Giovanni Laccarino, tentou  “organizar o caos” e salvar os passageiros.
Bosio foi o último a deixar o navio e chegou a Giglio todo molhado e tremendo de frio. Ele só deixou o navio quando a Guarda Costeira já cuidava do caso. Em resumo, Bosi, Di Lena e Laccarino fizeram valer as regras éticas que seguem os verdadeiros homens do mar, ou seja, “os ratos são os primeiros a abandonar a embarcação que afunda. O verdadeiro comandante é o último a deixar o barco”.




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***FRANCIS DE MELLO***

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