terça-feira, 15 de novembro de 2011

(19º Presidente) "RELEMBRE OS PRESIDENTES DE 122 ANO DE REPÚBLICA"

Carlos Luz, (08 de novembro de 1955 a 11 de novembro de 1955)




Carlos Luz

O presidente que ficou por menos tempo no cargo – quatro dias – foi afastado pelo Movimento 11 de Novembro, liderado pelo general Henrique Lott, recém-demitido do Ministério da Guerra por tentar frear uma suposta conspiração para não entregar o governo federal para o candidato eleito, Juscelino Kubitschek. Acossado, Luz embarcou junto com Carlos Lacerda e outras autoridades no Cruzador Tamandaré, o mais poderoso navio da Marinha à época, com o qual rumou para São Paulo à procura do apoio do governador Jânio Quadros, não sem antes quase ser alvejado pela artilharia do Exército na Baía na Guanabara. A embarcação teria sido impedida de revidar por solicitação de Luz.

Curiosidade: Carlos Luz foi o presidente que menos tempo permaneceu no cargo: apenas quatro dias.
Foto: Portal Brasil / Divulgação

QUATRO DIAS DE GLÓRIA
:
GOVERNO CARLOS LUZ

      

     Carlos Coimbra da Luz, presidente da Câmara Federal, registrou um feito jamais conseguido por qualquer um dos presidentes da República no Brasil: ficou no poder por apenas quatro dias.
     Com efeito, assumindo o governo no dia 8 de novembro de 1955, permaneceu Presidente, também, nos dias 9, 10 e 11, quando teve de renunciar, por haver-lhe faltado, literalmente, terra aos pés. Instalou um governo de emergência no Cruzador Tamandaré, mas não conseguiu aportar em Santos, onde pretendia permanecer, valendo-se do apoio que lhe foi dado pelo Governador de São Paulo, Jânio da Silva Quadros. Também não pôde voltar ao Rio de Janeiro, para reinstalar-se no Catete, pois tropas do Exército dominavam a cidade.
     Golpe ou contragolpe? Essa foi a discussão apaixonada que envolveu todos os setores da vida pública por vários meses, indo repercutir no Supremo Tribunal Federal. Coube a este julgar, não o impedimento a Carlos Luz, que era um substituto eventual à Presidência, mas outro fato mais grave, ocorrido dez dias depois, quando o Presidente efetivo, João Fernandes Café Filho, foi sitiado em seu apartamento e impedido de retomar as atividades, após a alta que lhe foi dada por uma junta médica, declarando-o restabelecido do enfarte de que fora acometido.
     A grave crise, que atravessou o mês de novembro e prolongou-se até a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 1º de fevereiro de 1956, pôs à mostra um poder político-militar momentaneamente dividido, mas que, anos mais tarde, voltaria a se unir para realizar, desta vez com sucesso, o movimento de 31 de março de 1964.
     Tais acontecimentos não são isolados. Fazem parte de problemas mal resolvidos, que começaram em 1889, com a queda do Império, e atravessaram o século 20, ora envolvendo o poder civil, representado pelas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, ora comprometendo a hierarquia dentro das Forças Armadas, como aconteceu com as revoltas de 1922 e o subsequente movimento tenentista que liquidou com a Primeira República (1989-1930).
     Essa situação anômala prosseguiu após a revolução vitoriosa de 1930, que manteve Getúlio Vargas no poder até ser deposto por seu ministro da Guerra, pondo fim à Segunda República (1930-1945). Por fim, a Terceira República (1945-1964) conquistou uma liberdade de opinião jamais vista anteriormente, mas não se livrou dos vícios herdados dos períodos anteriores, entre eles o direito manifesto pelas Forças Armadas de interferir no processo democrático para fazer uma "sintonia fina" do texto constitucional.


Escrito por;


***FRANCIS DE MELLO***

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