A Polícia tem dez dias para concluir o inquérito sobre o tumulto ocorrido na terça-feira (21) durante a apuração de votos no Sambódromo do Anhembi, de São Paulo, mas, para o delegado que chefia a investigação, Osvaldo Nico Gonçalves, alguns pontos já podem ser considerados esclarecidos. Por meio da análise de imagens de televisão e de coincidências entre os depoimentos de Cauê Santos Pereira, 20, da Gaviões da Fiel, e Tiago Ciro Tadeu Faria, 29, da Império de Casa Verde, ele já vê como praticamente certa a possibilidade de que o acontecimento fez parte de uma ação orquestrada.
Se o acordo que gerou tumulto na apuração do Carnaval paulistano é fruto de investigação profunda, as chamas que se alastraram por um carro alegórico da Pérola Negra já são caso esclarecido para a polícia. Segundo Gonçalves, o incêndio foi claramente causado por membros da Gaviões da Fiel, que neste ano competiu pela primeira vez com duas torcidas organizadas rivais no Sambódromo do Anhembi: a Mancha Verde, do Palmeiras, e a Dragões da Real, do São Paulo.
"Parece que o próprio Tiago (homem que iniciou os tumultos ao se dirigir à banca de jurados e rasgar os papeis com as notas das escolas) já esperava ser preso, acreditando que viria a ser considerado um herói para a comunidade", disse à imprensa Gonçalves, do Deatur (Delegacia Especial de Atendimento ao Turista) na tarde desta quinta-feira (23). "Ele alegou que fez aquilo porque lhe disseram que ninguém seria rebaixado, segundo um acordo que haviam feito".
O que mais intrigou o delegado, no entanto, foi o fato de Cauê Santos Pereira ter dito exatamente as mesmas coisas que Tiago no depoimento, algo visto por ele como inviável pela própria distância física entre os dois no sambódromo. "Não havia tempo para eles combinarem nada", analisou, afirmando ainda sobre o estranho local em que Tiago estava no momento da apuração, normalmente usado apenas pela "velha guarda da escola". "Está há três meses no samba e já está na janelinha?", ironizou.
Representantes de todas as agremiações supostamente envolvidas no acordo serão ouvidas pela polícia e poderão responder por formação de quadrilha e dano ao patrimônio público. Nove pessoas já foram intimadas.
Os delegado afirmou que já tem elementos suficientes para punir as agremiações.
Incêndio
O fogo, no entanto, teria sido causado por uma confusão, consequência da rivalidade entre as torcidas. "Está claro pela imagem que foram eles, mas acredito que, pelo fato de o carro ser verde, eles o incendiaram por acharem que era da Mancha Verde".
Entenda o caso Uma confusão promovida por integrantes de escolas de samba interrompeu a apuração do Carnaval de São Paulo na terça-feira (21). Faltando apenas uma nota dez para assegurar o título para a Mocidade Alegre, Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, invadiu a área de apuração, tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Deatur (Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista), anunciou a detenção do principal responsável por todo o tumulto. Cauê Santos Pereira, 20 anos, integrante da Gaviões da Fiel, também foi detido, por atirar objetos.
A polícia investiga ainda o envolvimento de integrantes de outras agremiações no tumulto, entre elas a Vai-Vai, a Império de Casa Verde e a Camisa Verde e Branco, segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
Uma reunião extraordinária entre a Liga das Escolas de Samba e os diretores das escolas foi montada para decidir o desfecho do Carnaval 2012.
O tumulto se espalhou pelo entorno do Sambódromo. Torcedores foram vistos chutando os portões próximos à área da dispersão. Pouco depois, um carro alegórico da Pérola Negra foi incendiado por um grupo ainda não identificado. A alegoria tinha estrutura toda de palha, representando um índio gigante, e foi totalmente destruída pelo fogo.
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***FRANCIS DE MELLO***
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