terça-feira, 13 de março de 2012

"NOSSA PREOCUPAÇÃO DESSA GUERRA CAMBIAL ESTÁ VOLTADO PARA O SOFRIMENTO DA INDÚSTRIA; DIZ MANTEGA"

Após um crescimento da indústria de modesto 1,6% em 2011, o governo acionou o sinal vermelho para o setor e deve lançar mão de várias medidas para melhorar o desempenho industrial brasileiro. Prova disso é que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira que a maior preocupação do governo é com o "sofrimento" da indústria, setor mais prejudicado com a crise financeira internacional.
"Nossa preocupação é com o sofrimento da indústria. Não vamos abandonar a indústria. Embora o setor de commodities esteja forte, um país que só tem commodities não é um país forte, pode até ser momentaneamente. Mas precisamos da indústria, é ela quem produz a tecnologia", disse o ministro.
Os abalos financeiros fizeram com que as economias avançadas - as mais afetadas - adotassem uma política no sentido de aumentar o volume de moeda circulando e baixar juros. Com isso, mais recursos foram destinados aos bancos, que podem emprestar mais. Esses empréstimos, no entanto, estão nas mãos de investidores, que procuram mercados mais promissores - como o Brasil - para aplicar os recursos. O excesso de moeda estrangeira no Brasil valoriza o real, o que prejudica a indústria e torna os produtos nacionais menos atraentes no mercado externo.
Por outro lado, o valor de produtos básicos (commodities) subiu com a piora da crise financeira, o que valorizou bastante o Brasil, que é um grande exportador desse tipo de material. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou também nesta terça-feira que a desoneração da folha de pagamento de pelo menos mais cinco setores será negociada nesta semana entre a pasta e representantes dessas áreas. No entanto, Mantega, que participou de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, não detalhou quais setores serão beneficiados com a redução na alíquota de contribuição patronal para a Previdência.

"Essa semana vou me reunir com cinco novos setores e vamos mexer na alíquota (de contribuição para o INSS. Estamos mais prontos (para esse tipo de medidas) e, em breve, teremos um anúncio em relação a novos setores que serão beneficiados com uma alíquota menor", adiantou o ministro.
A desoneração da folha de pagamento desses novos setores da economia deve seguir os moldes do programa Brasil Maior, que reduziu a alíquota de contribuição patronal para o INSS, em troca de um pagamento sobre o faturamento bruto anual.
"Desoneração da folha para mim hoje é um dos principais instrumentos e prioridades que temos. O pessoal no mundo todo está reduzindo o custo do trabalho e aumentando a produtividade. Não podemos falar em baixar salário. Não é o nosso caminho. O nosso caminho é reduzir o custo e não o salário, nosso desafio é esse", disse.









Ministro espera mudanças na OMC para acabar com guerra cambial.






O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta terça-feira mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC) para incluir novas formas de proteção cambial nas medidas que devem ser combatidas pelo órgão. Segundo Mantega, os países que antes adotavam subsídios para tornar seus produtos mais atraentes no mercado mundial, agora usam a desvalorização de suas próprias moedas.
"A OMC está desatualizada, não percebeu essa mudança nos países. No passado se usava mais subsídios diretos e é o que a OMC procura fiscalizar, mas já estão fazendo hoje um grande 'subsídio cambial' quando desvaloriza sua moeda em 20%, 30%", disse.
Ao desvalorizar a própria moeda, como faz a China, por exemplo, os produtos daquele país se tornam mais baratos no mercado internacional. "Devemos trabalhar, temos um bom representante na OMC e se conseguirmos fazer a OMC ver isso, será uma grande vitória, mas não será fácil. Temos que criar na OMC essa figura do 'dumping cambial', de modo que o Brasil possa ser preservado. De certa forma, estamos fazendo uma intervenção cambial aceita no mundo todo", afirmou.
Mantega se refere às recentes medidas adotadas pelo governo brasileiro como forma de subir a cotação do real perante o dólar. Em duas semanas, o Ministério da Fazenda fez duas intervenções na cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos de curto prazo, na tentativa de desvalorizar o real.






















***FRANCIS DE MELLO***

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