sexta-feira, 2 de março de 2012

Líder do AfroReggae: não morri por ser blindado pela imprensa





























"É simples assim, meu irmão. Se me matar, vai dar m... Sou um defunto caro". Direto e reto, sem meias palavras, o coordenador do AfroReggae, José Júnior, colocou as cartas na mesa: está sendo acusado de ser "X-9" (gíria usada para designar alguém dedo-duro) do governo do Estado nas comunidades do Rio de Janeiro pelo pastor Marcos Pereira da Silva, líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Ele afirma que só não foi morto até agora por ser blindado pela imprensa.
"Deus sempre me protegeu, mas vocês da imprensa me blindam pra caramba, porque divulgam o AfroReggae", explicou Júnior, que acusa o pastor de espalhar informações infundadas entre traficantes de diversas favelas do Rio.
"Nos últimos anos, ficou claro que ele queria me colocar em situação ruim com os traficantes. Disse que eu era ligado ao setor de inteligência da secretaria de Segurança Pública, que eu monitorava áreas das favelas para o governo do Estado. Veja bem, não estou falando que veio uma, duas pessoas falarem isso para mim. É papo de 40, 50 pessoas que já vieram conversar comigo sobre isso", disse. "Não fui ameaçado por ele diretamente, ele criou situações que me colocaram em risco, para que me matassem", completou.
José Júnior lidera o AfroReggae, tida como uma ONG referência, inclusive pelo mundo, no trabalho social com jovens carentes de diversas comunidades da capital fluminense. Famoso por libertar pessoas que estavam condenadas à morte pelo chamado tribunal do tráfico, o pastor Marcos também ganhou notoriedade, inclusive em diversos programas de TV, mas teria perdido terreno e visibilidade diante do notório avanço da ONG nas favelas do Rio.
"Quem tem mais visibilidade, quem é mais conhecido? Ele está com dor de cotovelo de uma coisa que é muito menor que o Afroreggae", acusou Júnior. "Nem as igrejas evangélicas de outros segmentos trabalham com ele, ele é rejeitado pela própria população cristã. Ele tem a mente mais ardilosa e mais criminosa de todos os tempos. E ele usa a palavra de Deus, né, cara. Ele é o senhor da perversidade, se o crime fosse empresa, ele seria o CEO", completou.
Júnior e o pastor Marcos já foram próximos e trabalharam juntos, inclusive, em trabalhos sociais não só em comunidades cariocas, mas também em presídios - em julho de 2008, no complexo de Gericinó, o líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias só teria conseguido voltar a fazer suas pregações para os detentos por intermédio do coordenador do AfroReggae. Juntos, eles figuraram o quadro Conexões Urbanas, programa de TV produzido pela ONG e divulgada no Multishow, no qual Júnior elogiava o trabalho do pastor por afastar supostos bandidos da vida do crime.
"Quando que um cara iria denunciar esse indivíduo abertamente? Eu tinha como fazer isso anônimo, mas eu fiz questão de aparecer da mesma forma, como eu falei bem dele na sociedade, eu tinha que ter hombridade para falar que ele hoje é um grande filho da p...", esbravejou novamente José Júnior, que nesta tarde prestará depoimento na comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), para falar das ameaças que vem sofrendo dentro das comunidades onde atua.
"Se ele é realmente inocente, ele tem que me processar. Se é inocente, vamos aguardar o processo. Tem que me investigar, tem que comparar, ver as minhas contas, justificar as entradas de receita que eu tenho, e ele informar as deles. Isso é corretíssimo."
Ao jornal Extra, o pastor Marcos negou todas as acusações e disse que o coordenador do AfroReggae não passa de um invejoso. A reportagem do Terra já fez pedido formal de entrevista à secretária do pastor Marcos e aguarda seu retorno.




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***FRANCIS DE MELLO***

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