segunda-feira, 5 de março de 2012

'EU NÃO BLEFO', ALERTA OBAMA A LÍDERES DO IRÃ"


WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste domingo, 4, que o país não vai hesitar em atacar o Irã com forças militares para evitar que o país persa adquira armas nucleares, mas alertou que "muita conversa solta sobre guerra" recentemente tem apenas ajudado Teerã e elevado o preço do petróleo.
Obama durante o discurso na Aipac: alerta para que Teerã não 'teste' os EUA - Jonathan Ernst/Reuters
Jonathan Ernst/Reuters Obama durante o discurso na Aipac: alerta para que Teerã não 'teste' os EUA


























Falando a um poderoso grupo de lobby pró-Israel, o Aipac (American Israel Public Affairs Committee), Obama pediu a Israel mais tempo para permitir que as sanções possam isolar o Irã. Ele tentou conter as sinalizações de guerra contra o Irã e rechaçou um ataque unilateral israelense contra as instalações nucleares do Irã.
"Pela segurança de Israel, a segurança da América e a paz e a segurança do mundo, agora não é o momento para turbulência", afirmou Obama a milhares de pessoas na conferência anual do Comitê de Relações Públicas americano-israelenses. "Agora é o momento para que deixemos a pressão aumentar e sustentar a ampla coalização internacional que construímos".
Citando o ex-presidente Theodore Roosevelt, Obama afirmou que iria "falar suavemente, mas carregar um grande porrete" e alertou o Irã para que não teste os Estados Unidos.
O discurso de Obama, bastante esperado, ocorreu um dia antes de seu encontro na Casa Branca com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que planejou se pronunciar à conferência na noite de segunda-feira.
Três candidatos à presidente dos Estados Unidos do Partido Republicano, Mitt Romney, Rick Santorum e Newt Gingrich, devem falar à conferência via satélite na terça-feira.
linkVISÃO GLOBAL: O que dois inimigos têm em comum.
Se estourasse uma guerra entre Irã e Israel, de que lado você ficaria? Alguém me perguntou isso no Facebook há algumas semanas, quando um ataque israelense contra instalações nucleares iranianas parecia iminente.
Desde a adolescência, no início da revolução do Irã, em 1979, minha lealdade sempre foi tão frequentemente questionada que passei a considerar essas suspeitas parte da minha herança iraniana-israelense.
No início dos anos 80 em Teerã, fui aceita num pequeno grupo de intelectuais socialistas que se reuniam clandestinamente em um apartamento todas as quintas-feiras à noite. Eram anos perigosos. O governo ainda não tinha experiência no poder e era violentamente inseguro. Os grupos da oposição eram constantemente atacados. A guerra contra o Iraque era arrasadora, e os Estados Unidos haviam imposto sanções. Passávamos os dias nas filas, porque os produtos de primeira necessidade eram racionados.
Cada integrante do grupo tinha a incumbência de acompanhar de perto esses problemas prementes. Entretanto, eu era encarregada de apresentar semanalmente informações atualizadas sobre o conflito israelense-palestino. Embora muito mais jovem do que os outros, sabia exatamente que simpatias deveria expressar. A terra devia voltar aos palestinos, declarava ao encerrar cada resumo. Nunca mencionei que entre os judeus que viviam naquela terra estavam meus parentes pobres que deixaram o Irã e voltaram para Israel depois que sua casa e loja foram incendiadas por uma multidão furiosa durante o caos que antecedeu a revolução.
O silêncio e a submissão eram e são os aspectos fundamentais do caráter do judeu iraniano. Evitávamos e fugíamos do confronto. Enterramo-nos no esquecimento mesmo vivendo ao lado de amigos e vizinhos muçulmanos. A segurança e o sucesso sorriam para os que melhor se misturavam, em comparação aos que não permitiam que qualquer parte de sua identidade judia se mesclasse à iraniana.
É esse esquecimento que hoje ameaça arruinar ambos povos. Não há duas nações que se tenham influenciado tão profundamente e no entanto desconheçam essa dívida recíproca.
No amanhecer do século 20, o Irã foi conturbado pela anarquia e pelo tribalismo endêmicos na região. Por volta da metade do século, sob o Xá Reza Pahlevi, o Irã tinha um Exército e um governo central eficiente que tornou possível a industrialização. O crédito por grande parte da industrialização vai para as iniciativas de judeus iranianos de grande projeção.
Entre eles estavam os irmãos Nazarian, que deixaram o Irã e foram para Israel no final dos anos 40, combateram na guerra de independência de Israel em 1948, trabalharam na construção e, quando dominaram a profissão, fizeram o impensável: voltaram para o lugar onde nasceram para começar a construir por lá.
Fabricaram carregadeiras, caminhões basculantes, guindastes e betoneiras, e tornaram esses modernos instrumentos da urbanização acessíveis pela primeira vez ao Irã.
A cidade de Isfahan, um dos principais destinos do turismo iraniano, cuja grandeza proverbial é equiparada "à metade do mundo", tornou-se tal quando os irmãos, em colaboração com famosos engenheiros israelenses, construíram seu sistema de esgotos subterrâneos e a livraram das doenças e do ar tóxico.
Outros irmãos, os Elghanian, construíram edifícios e estradas permitindo que a cidade abandonasse o isolamento tribal. Eles fundaram também a primeira fábrica avançada de plásticos do Irã, abrindo caminho para outros avanços socioeconômicos e científicos. Mas logo depois da queda do xá, o presidente dos Tribunais Revolucionários, Sadegh Khalkhali, executou centenas de jovens democratas que se revoltaram contra o novo regime. Executou também um dos irmãos Elghenian, Habib, acusado de semear a "corrupção sobre a face da terra" e de "espionar para Israel". A execução de Elghenian apavorou a comunidade israelense. Muitos dos 100 mil judeus do Irã fugiram, na maior parte para Israel ou para os Estados Unidos. Há apenas cerca de 20 mil.
Assim como a maioria dos iranianos não conhece essa história, também os judeus não estão a par das contribuições dos iranianos para a sobrevivência dos judeus. Muitas vezes, vejo o olhar surpreso de judeus americanos ao me conhecerem, e ao saberem pela primeira vez da existência de judeus no Irã, embora o Irã ainda hoje seja o país com o maior número de judeus no Oriente Médio, além da Turquia e de Israel.
Já no século 6 a.C., os judeus, em seu exílio na Babilônia, encontraram o seu salvador em Ciro o Grande, da Pérsia, que os ajudou a regressar a Israel. No início dos anos 40, milhares deles deveram sua vida ao corajoso Abdol-Hossein Sardari, chefe da missão diplomática do Irã na França, que, desafiando as ordens nazistas, emitiu milhares de passaportes e documentos de viagem para judeus. Mas quando o presidente Mahmoud Ahmadinejad negou o Holocausto, os descendentes dos sobreviventes poloneses que preferiram se estabelecer no Irã não deixaram de colocar flores sobre os túmulos de seus parentes e amigos dos no famoso Cemitério Polonês de Teerã.
Permitiriam essas duas nações que seus governantes entrassem em guerra se soubessem quanto uma deve à outra? Bombardeando o Irã, Israel bombardearia uma parte da história judaica. E se isso acontecer, a questão não será que lado escolherei, porque serei duplamente destruída por duas culturas imperfeitas, e no entanto amadas, que fizeram de mim a mulher que sou.

'Eu não blefo', alerta Obama a líderes do Irã.


O presidente dos EUA, Barack Obama, alertou ontem Teerã de que, caso as sanções internacionais não parem o programa nuclear iraniano, Washington recorrerá à força contra a república islâmica. "Israel sabe que, para os EUA, um Irã nuclear é inaceitável", alertou o presidente em entrevista.
Obama foi além, dizendo que "o governo de Israel sabe também que, como presidente americano, eu não blefo. Para ter uma política consistente, eu tnão saio por aí anunciando exatamente quais são nossas intenções. Mas tanto Israel quanto o Irã reconhecem que, quando os EUA dizem que uma arma nuclear do Irã é inaceitável, nós falamos sério", disse Obama.
O apoio amplo a Israel prepara o terreno para Obama convencer o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, a não desferir um ataque surpresa contra o Irã. O encontro entre os dois líderes será na segunda-feira, na Casa Branca.
Obama deu a entrevista no momento em que Israel prepara o teste de seu sistema de mísseis interceptadores Arrow 3. O exercício é visto como um sinal de possível confronto com o Irã. Em casa, Obama tem sido atacado pelos pré-candidatos republicanos à Casa Branca por seu compromisso supostamente vago com Israel. Um novo conflito envolvendo os EUA terá consequências imprevisíveis para seu projeto de reeleger-se.
Na entrevista, divulgada ontem pela revista The Atlantic, Obama deixou claro que o "componente militar" é uma das opções diante do Irã. Mas ainda mostrou-se otimista com relação a um recuo de Teerã, por força das sanções multilaterais e unilaterais aplicadas.
O Irã, para ele, está "em sofrimento" por causa do cerco econômico. Sua insistência em construir a bomba atômica resultaria em uma escalada nuclear no Oriente médio e não ameaçaria apenas a segurança de Israel e da região, mas também - e "profundamente" - a dos EUA.
"Estamos falando da região mais volátil do mundo. Será intolerável para muitos países da região não ter arma nuclear enquanto o Irã a possui", argumentou o presidente americano. "O Irã é reconhecido patrocinador de organizações terroristas, o que torna a ameaça de proliferação ainda mais grave."

Israel tem o direito de se defender, diz Netanyahu.


Em suas primeiras declarações públicas durante uma visita à América do Norte que incluirá conversas com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na sexta-feira que Israel reserva o direito de se defender contra o Irã.
Netanyahu vai se encontrar com Obama na segunda-feira para tratar de diferenças cada vez maiores com relação ao que Washington teme que seja um possível ataque às instalações nucleares do Irã.
Netanyahu disse que a comunidade internacional não deve permitir que a "busca incessante do Irã por armas nucleares" tenha sucesso.
"Com relação a Israel, assim como qualquer Estado soberano, nós reservamos o direito de nos defender contra um país que pede e trabalha pela nossa destruição", disse ele a jornalistas em Ottawa no início de uma reunião com o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper.




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***FRANCIS DE MELLO***


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