Comissão do Senado rejeita visita do secretário-geral da Fifa.
Francês Jérôme Valcke viajaria ao Brasil pela primeira vez depois de se envolver em polêmica
Foto: Getty Images
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A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado rejeitou nesta terça-feira a presença do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. O francês representaria o órgão em audiência pública no dia 11 de abril sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e a aprovação da Lei Geral da Copa.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da comissão, mostrou entender que o convite para a audiência era válido apenas para Joseph Blatter, presidente da Fifa, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre a posição do Senado brasileiro.
"A comissão já havia aprovado na última semana um convite para ouvir Blatter sobre a lei no próximo dia 11, mas o dirigente afirmou que, por dificuldades na agenda, enviaria Valcke em seu lugar", afirmou à agência Efe o secretário da comissão, Júlio Linhares.
Segundo Linhares, diante da ausência de Blatter e como a Fifa terá que ser ouvida nas três comissões, a Comissão de Educação, Cultura e Esportes preferiu cancelar a audiência com Valcke e enviar um novo convite para que Blatter possa ser escutado por todos em outro dia.
"A audiência da próxima semana foi cancelada, e o convite a Blatter foi reiterado. A data da reunião dependerá da disponibilidade do presidente da Fifa", acrescentou o secretário, após esclarecer que, pelo menos na reunião da comissão, ninguém descartou oficialmente Valcke como interlocutor da entidade máxima do futebol.
Nesta segunda, a Fifa anunciou que Valcke substituiria Blatter no evento. A viagem de Valcke ao Brasil seria a primeira depois da polêmica declaração do secretário, que disse que os organizadores do Mundial do Brasil precisavam levar um "chute no traseiro" para agilizarem o processo. A afirmação gerou um grande desconforto entre a Fifa e o ministério do Esporte, comandado por Aldo Rebelo.
Entenda a polêmica!
Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".
As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014. "As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro", disse Rebelo.
Não é de hoje que Valcke enfrenta rusgas com as autoridades brasileiras. Em comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.
No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que tudo sairá como o planejado. "Em todo processo democrático as discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo", disse Teixeira na nota.
Na segunda-feira (05/03), Aldo Rebelo enviou à Suíça uma carta solicitando um novo interlocutor entre o governo brasileiro e a entidade máxima do futebol mundial. De acordo com o ministro do Esporte, "a forma e o conteúdo das declarações escapam aos padrões aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma organização internacional centenária como a Fifa".
No mesmo dia, Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, também atacou as palavras de Valcke, chamando o secretário-geral da Fifa de "deselegante". "Foi uma declaração que merece na verdade é que a gente dê um chute daqui para lá de volta e que se repudie qualquer declaração desse nível", opinou Maia.
Posteriormente, Valcke publicou carta em que se desculpava pelo incidente que classificou como um mal entendido. Segundo o dirigente da Fifa, o que houve não passou de um erro de tradução, e o Brasil segue seguro como "única opção para sediar a Copa do Mundo".
Aldo Rebelo aceitou o pedido de desculpas, mas disse que "este tipo de episódio não pode se repetir". Ficou ainda acertada uma renião de Blatter com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ocorrida na sexta-feira dia 16 de março. Nela, as diferenças foram discutidas e o mandatário da Fifa pediu tempo para resolver o problema Valcke.
***FRANCIS DE MELLO***
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