quinta-feira, 21 de junho de 2012

"MARINA SILVA CRITICA DURAMENTO TESTO FINAL DA RIO+20"



Documento final é um consenso em cima do desagrado, diz Marina Silva.















A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva voltou a criticar duramente o texto final da Rio+20, que será aprovado amanhã, no último dia da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, no Rio. Ela também criticou os que dizem que o documento é o consenso a que se pode chegar dentro de tantas posições políticas divergentes dos países participantes.
"O documento não atende às exigências da emergência que o planeta está vivendo. Ele não tem meios efetivos para implementacão das políticas de sustentabilidade na ausência do financiamento. Vamos adiar, mais uma vez, o inadiável", declarou durante visita ao Riocentro para participar de uma mesa de debates.
Para ela, a sociedade e a opinião pública internacional não podem, mais uma vez, chancelar o adiamento de algo que os ambientalistas esperam há 20 anos. "O documento não agrada a nenhum chefe de Estado, logo, é um consenso em cima do desagrado de todos", afirmou.
Marina também espera que os debates promovidos pela sociedade civil na Cúpula dos Povos e em diversas ações espalhadas pela cidade tenham sido mais interessantes que os debates políticos dentro dos pavilhões do Riocentro, local da Rio+20. "Os dois processos são interessantes. Do lado de fora se diz que é preciso decidir, e decidir com compromisso, e agir com urgência. E aqui, do lado de dentro, os que podem decidir responderam dizendo que é preciso adiar mais uma vez o compromisso", disse. Ainda assim, a ex-ministra fez um chamado aos líderes mundiais para quem olhem o que está ocorrendo do lado de fora.
"Se os que estão aqui dentro resolveram adiar o compromisso, os lá de fora devem dizer que o compromisso tem que ser assumido e vivido agora", declarou, pedindo a todos que continuem as discussões em suas escolas, universidades e mesmo dentro de casa. "A sociedade não tem mais tempo para fazer uma transição demorada como querem fazer. Se não temos meios para fazer uma ruptura, então temos que fazer uma mutação com toda sociedade, com ações transformadores. A única saída e esperança é que sejamos capazes de transformar o tecido econômico social e ambiental do nosso planeta", falou.
Sobre o papel que o jovem brasileiro deve desempenhar após a Rio+20, a senadora disse que é preciso que este continue a acreditar que é possível ter desenvolvimento econômico e proteger o meio ambiente, melhorando a qualidade de vida da população. "E começamos a criar os meios para isso quando apostamos em energia limpa, renovável e segura; quando reivindicamos educação de qualidade, que gere conhecimento, tecnologia e inovação para as transformações do século 21", afirmou ao lembrar que esses jovens a que se refere são os mesmos que se recusaram a aceitar o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional no mês passado e que teve pontos vetados pela presidente Dilma Rousseff.
Sobre a Rio+20 

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.








***FRANCIS DE MELLO***

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