Joaquim, inabalável.
No momento em que as pressões de partidos de governo e oposição voltam a conturbar o ambiente político, o relator do mensalão, Joaquim Barbosa, garante à ISTOÉ que fatores externos não irão interferir no julgamento
BLINDAGEM
O ministro Joaquim Barbosa diz que o
relevante está nos autos do processo
Na semana em que o Supremo Tribunal Federal começou a decidir o destino do núcleo político do mensalão, a proximidade das condenações levou réus do processo a orquestrar reações que atiçaram tanto partidos da base do governo como da oposição. O ambiente político conturbado, no entanto, não deve mudar um centímetro os rumos do julgamento, garantiu à ISTOÉ o ministro-relator, Joaquim Barbosa. O ministro diz que os movimentos não surpreendem e que o cenário de pressões não preocupa. “Nada vai interferir. O que é relevante para nós está nos autos do processo”, afirmou Joaquim na quarta-feira 19. Como consequência da atmosfera pesada dos últimos dias, o próprio Barbosa, que fora ovacionado e aclamado como herói num restaurante japonês em Brasília, virou alvo de simpatizantes do PT nas redes sociais. Embora não se sinta confortável com a possibilidade de se tornar personagem de discursos inflamados em palanques eleitorais durante a campanha, o ministro se diz inabalável. A disposição é confirmada pelos votos contundentes que ele proferiu na semana passada.
A blindagem do processo pregada por Barbosa se faz necessária num momento de maior pressão política desde o início do julgamento em agosto. Nos últimos dias, o ex-presidente Lula voltou com força total à cena política. Liberado pelos médicos para participar das campanhas eleitorais, Lula decidiu comandar a reação às investidas da oposição para envolvê-lo no processo do mensalão. Inicialmente, ele anunciou que permaneceria em silêncio e garantiu não dar prioridade alguma às sessões do Supremo que decidem o destino dos acusados. Mudou de ideia. A condenação do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e os recados emitidos por réus do processo o fizeram adotar uma nova postura. “Ele até pensou em ficar de fora dessa polêmica. Mas quem aguenta? A gente insistiu que ele tem sim de ir às ruas e mobilizar as pessoas. Isso é o que o ex-presidente melhor sabe fazer na vida”, resume o petista Devanir Ribeiro (SP), compadre de Lula. A primeira providência do ex-presidente depois que decidiu reagir foi cobrar do PT e de aliados respostas aos discursos de integrantes da oposição de que ele teve ligações com o esquema operado pelo publicitário Marcos Valério.
As respostas cobradas vieram rapidamente. Na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) deixou de lado a discrição típica de seu posto. Fez duras críticas ao ministro Joaquim Barbosa e aos votos a favor da condenação já proferidos. “Há uma tentativa de afirmar uma coisa que não condiz com a verdade”, disse. Minutos depois, uma fila de petistas se formava no plenário para criticar o Supremo e insinuar que o julgamento estava “combinado” com a imprensa. “É um atentado à democracia”, acusou André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do partido. Também atendendo Lula, a direção nacional do PT divulgou um documento oficial chamando os petistas para se mobilizar. No dia seguinte, outra nota assinada por cinco partidos aliados seguiu o mesmo discurso. No texto, os partidos governistas alegam que a oposição tenta golpear o ex-presidente Lula como aconteceu com Getúlio Vargas e João Goulart, sem levar em conta que a comparação é prejudicada pelo fato de que Lula não está mais no governo. “O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda”, diz a nota assinada pelos presidentes do PT, PDT, PMDB, PCdoB, PSB e PRB.
As respostas cobradas vieram rapidamente. Na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) deixou de lado a discrição típica de seu posto. Fez duras críticas ao ministro Joaquim Barbosa e aos votos a favor da condenação já proferidos. “Há uma tentativa de afirmar uma coisa que não condiz com a verdade”, disse. Minutos depois, uma fila de petistas se formava no plenário para criticar o Supremo e insinuar que o julgamento estava “combinado” com a imprensa. “É um atentado à democracia”, acusou André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do partido. Também atendendo Lula, a direção nacional do PT divulgou um documento oficial chamando os petistas para se mobilizar. No dia seguinte, outra nota assinada por cinco partidos aliados seguiu o mesmo discurso. No texto, os partidos governistas alegam que a oposição tenta golpear o ex-presidente Lula como aconteceu com Getúlio Vargas e João Goulart, sem levar em conta que a comparação é prejudicada pelo fato de que Lula não está mais no governo. “O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda”, diz a nota assinada pelos presidentes do PT, PDT, PMDB, PCdoB, PSB e PRB.
As suspeições não alteraram o comportamento de Joaquim Barbosa. Nos seus votos da última semana, o ministro-relator deixou claro que a lógica do julgamento não mudará, independentemente das pressões externas. Barbosa confirmou que houve compra de votos pelo governo Lula e atestou a culpa dos políticos acusados de receber propina em troca de apoio no Congresso. O relator concluiu seu voto com a condenação de 12 réus por terem se beneficiado do esquema. Barbosa declarou que líderes de quatro partidos – PP, PR, PTB e PMDB – venderam a lealdade ao governo Lula por milhões de reais. Em sua avaliação, o governo montou sua base de apoio no Congresso à custa do valerioduto. O próprio revisor, ministro Ricardo Lewandowski, também condenou o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP, por corrupção passiva, apesar de tê-lo absolvido do crime de lavagem de dinheiro.
O desgaste que essas decisões do STF vêm causando na campanha eleitoral em curso também explica o tom ácido dos partidos da base aliada. Candidatos petistas em várias capitais passaram a revelar um desempenho pior nas pesquisas de intenção de voto, o que muitos interpretaram como decorrência da exposição de líderes partidários no julgamento do mensalão. Mesmo assim, o plano de reação do PT aposta no efeito positivo que tem sobre o jogo de poder a disseminação da ideia de que Lula ainda pode ser candidato ao Planalto em 2014. A estratégia foi discutida em reuniões da cúpula petista ao longo da semana. Agora, o combinado é dizer que Lula pode, sim, participar novamente da disputa presidencial. Mais do que a vontade do próprio Lula, o discurso em torno de uma possível candidatura expressa uma tentativa de fortalecer a liderança do ex-presidente e inibir o crescimento de outras candidaturas na base aliada ao governo, como a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Um dirigente nacional do PT avalia que a estratégia pode “salvar” o partido de um fiasco nas urnas, no mês que vem.
O desgaste que essas decisões do STF vêm causando na campanha eleitoral em curso também explica o tom ácido dos partidos da base aliada. Candidatos petistas em várias capitais passaram a revelar um desempenho pior nas pesquisas de intenção de voto, o que muitos interpretaram como decorrência da exposição de líderes partidários no julgamento do mensalão. Mesmo assim, o plano de reação do PT aposta no efeito positivo que tem sobre o jogo de poder a disseminação da ideia de que Lula ainda pode ser candidato ao Planalto em 2014. A estratégia foi discutida em reuniões da cúpula petista ao longo da semana. Agora, o combinado é dizer que Lula pode, sim, participar novamente da disputa presidencial. Mais do que a vontade do próprio Lula, o discurso em torno de uma possível candidatura expressa uma tentativa de fortalecer a liderança do ex-presidente e inibir o crescimento de outras candidaturas na base aliada ao governo, como a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Um dirigente nacional do PT avalia que a estratégia pode “salvar” o partido de um fiasco nas urnas, no mês que vem.
A estratégia petista também insistirá em caracterizar as condenações do STF como resultado de um julgamento político, destinado a atingir o ex-presidente. “Lula tem uma liderança incomparável e ele sabe disso. Nenhum partido tem líder com o poder de mobilização que ele mantém. Isso faz toda a diferença”, avalia o deputado federal petista Paulo Teixeira (SP). A estratégia de espalhar a tese de um retorno ao poder ficou evidente no início do mês, durante o comício de apoio a Patrus Ananias, que disputa a Prefeitura de Belo Horizonte. Antes de subir ao palanque, o ex-presidente disse aos aliados que estava de volta à política. E sorriu diversas vezes quando o chamavam de futuro presidente. Lula tenta refazer o clima de sua campanha de reeleição, em 2005, quando, posto em xeque pelo escândalo do mensalão, fez discursos duros e o uso do poder de mobilização das massas. Minutos antes de embarcar para o México na quinta-feira 20, o ex-presidente pediu aos assessores que acompanhassem todo esse processo atenciosamente, numa referência ao julgamento do mensalão transmitido ao vivo pela tevê. Seu interesse é mais uma prova de que está disposto a atacar os obstáculos no seu caminho e no do PT. No partido, o consenso é de que Joaquim Barbosa é o maior desses obstáculos.
Neste caso Lula se esquece do maior obstáculo que poderá enfrentar em 2014, quando tentar se conotar como possível candidato. Este obstáculo se chama: "DILMA ROUSSEFF", que acredito de no caso dela ser barrada, poderá se afastar do partido e se tornar candidata por outro partido, que com certeza, qualquer que seja a sua escolha de filiação não terá veto, com exceção do "PSDB" acredito eu!
Neste caso Lula se esquece do maior obstáculo que poderá enfrentar em 2014, quando tentar se conotar como possível candidato. Este obstáculo se chama: "DILMA ROUSSEFF", que acredito de no caso dela ser barrada, poderá se afastar do partido e se tornar candidata por outro partido, que com certeza, qualquer que seja a sua escolha de filiação não terá veto, com exceção do "PSDB" acredito eu!
***FRANCIS DE MELLO***
Nenhum comentário:
Postar um comentário