Filho de Pedro Collor concorre a vice-prefeito em cidade de Alagoas e desafia candidato apoiado pelo tio, o ex-presidente Fernando Collor.
DESAFETOS?
O tio, Fernando Collor de Mello, apoia o rival do sobrinho Fernando
Na última vez em que os Collor de Mello se enfrentaram publicamente, o Brasil tremeu. A história do País ganhou novos contornos quando, em 1992, Pedro Collor fez uma série de denúncias contra o irmão Fernando, então presidente da República, que acabou sofrendo um processo de impeachment. Pois a saga está de volta: agora a disputa se dá entre um sobrinho e um tio. Aos 28 anos, Fernando Lyra Affonso Collor de Mello (PSD), filho de Pedro e Thereza Collor, postula a vaga de vice-prefeito na pequena Atalaia, cidade alagoana de 45 mil habitantes a 50 quilômetros da capital Maceió. Sua batalha nas urnas se dará contra a chapa do candidato a prefeito Manoel da Silva Oliveira, apoiado pelo tio e senador Fernando Collor de Mello (PTB) – o mesmo que foi retirado da Presidência no embalo das denúncias de Pedro Collor, que morreu de câncer em 1994. Apesar da violenta rivalidade, o jovem Collor diz não guardar mágoas. “Aquele passado já foi. Estamos agora de lados diferentes, mas o dia de amanhã ninguém sabe.” Seu nome de batismo, Fernando, foi uma homenagem feita no período em que os irmãos poderosos mantinham boas relações.
O distanciamento entre Fernando Lyra Affonso Collor de Mello e a família paterna fica claro na maneira como se apresenta. Ele optou por ser conhecido nas urnas como Fernando Lyra, uma forma de homenagear e, ao mesmo tempo, assumir o capital político do avô materno e padrinho: o usineiro e deputado federal João Lyra. “Ele sempre esteve perto de mim, me dá conselhos”, diz o jovem. “Escolhi usar o Lyra porque tudo aqui é Lyra. A usina (maior empregadora da cidade) é Lyra, e todo mundo conhece o João Lyra.” Entre os políticos alagoanos, o jovem é apontado como o sucessor natural do avô, presidente do PSD de Alagoas. Foi o convite do velho Lyra que fez com que o neto regressasse de São Paulo para trabalhar nas empresas da família. “Ele queria que eu fosse vereador por Maceió em 2010, mas minha mãe (Thereza Collor) achava que eu era muito novo.” Recentemente, o patriarca lhe deu a ordem de tomar as rédeas da política de Atalaia, onde o avô se considera traído politicamente pelo atual prefeito. A missão de começar como vice-prefeito de um município pequeno foi um modo de inserir o neto de volta à política local após anos vivendo fora.
EM FAMÍLIA
Fernando Lyra de boné com o pai, Pedro Collor, e a mãe, Thereza
Fernando Lyra poderia usar na campanha o mesmo nome do maior desafeto de seu pai. “Fernando Collor seria muito forte, ainda mais porque meu tio apoia um adversário nosso.” O ex-presidente pretende intensificar sua agenda política no município. Em 28 de setembro, é tida como certa sua presença, pela segunda vez neste ano, a um evento político na cidade. A disputa, portanto, deve se tornar mais árdua. Em entrevistas, o filho de Pedro Collor sempre faz questão de ressaltar os laços familiares. “Meu pai foi um herói, teve muita coragem”, responde, quando perguntado sobre as denúncias feitas por Pedro Collor. Fernando Lyra enxerga em si características de cada uma das poderosas famílias que carrega nos sobrenomes. “Tenho o carisma dos Collor, o discurso dos Mello e a força dos Lyra.” Não à toa, cogitam seu nome para voos mais altos em 2014, seja para a Câmara Estadual, seja para a Federal.
Fotos: Geraldo mMagela/Ag. Senado; André Dusek/Ag. Istoé; Leandro Moraes/Folhapress
***FRANCIS DE MELLO***
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