Neil Ferreira: Cacareco, Macaco Tião, Tiririca e Menino Malufinho.
O Menino Malufinho seria a 3ª Via, entre PSDB e PT. Se 3ª Via for isso, voto no Negão, o Ministro Barbosa, e tenho os meus sólidos motivos. Vamos visitar um pouquinho do ontem, para entender um pouquinho do hoje.
Ontem: alguém lembra da rivalidade Rio / São Paulo no futebol? Era uma “jihad” travada entre os cadernos de esportes e as emissoras de rádio do Rio e São Paulo, tacando fogo nas torcidas. Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues, era o Mestre dos Mestres no ramo, inventou o Fla-Flu, virou nome do Maracanã.
Cada jogo durava duas semanas; uma, antes do jogão, com as torcidas fazendo contabilidade de quantos craques do seu time foram convocados. Outra, depois, discutindo o resultado.
Não havia TV nem times europeus pagando salários de pop stars aos jogadores, dos 7 anos de idade em diante. Messi é exceção, mandou-se já grisalho para o Barça, tinha uns 12 anos.
Amarcord, no meio do meu nome, é um dos mais geniais filmes do Fellini (1973), em que contava lembranças da sua cidadezinha. Quer dizer “Eu me lembro”. É uma referência à tradução fonética das palavras “mi ricordo”, usada na região de Emilia-Romagna, na Itália, onde nasceu.
“Mi ricordo”, eu me lembro; por exemplo, esse curto-circuito que deixou 11 Estados sem luz e foi uma noticinha de nada nos jornais, no tempo de FHC seria “Apagão!”, em manchetona de 1ª página, amarcord. Quem é da minha idade vai se lembrar, mas não precisamos entregar que o motivo da fortuna que custa o nosso plano de saúde é o DNA, Data de Nascimento Antiga.
Assisti as aulas proferidas no Julgamento do Mensalão por S. Excia. Excelsa Lewandowski Com a Barriga, aprendi a mutreta dele no STF e pratico-a descaradamente.
Ensebo no começo durantes horas e quando todo mundo está caindo de sono, até cochilando, pronuncio as duas palavrinhas mágícas e entro de supetão no assunto: “Digo eu…”
Digo eu: No Rio / São Paulo da política, está 2 x 1 pra São Paulo nesta altura do jogo. O Rio pode virar? Pode. São Paulo pode aumentar a diferença ? Pode. Acredito em 3 x 1 pra São Paulo. A Seleção Mensaleira pode dar a volta por cima? Pode. Mas há STF no fim do túnel, sonho acordado.
Das urnas e das cabeças dos juízes pode sair qualquer coisa. Identifico, mais pelo olfato apurado do que pelos olhos já afadigados, os sinais de fumaça enviados pelo Ministro Lewandowski Com a Barriga, para tranquilizar o sono do trio atacante titular da Seleção Mensaleira, Dirceu O Inocente, Nosso Delúbio Bocca Chiusa e Genoíno O Coitadinho. Lewandô mais parece beque de espera deles.
Queria consultar o polvo holandês, que acertou todos os resultados da Copa do Mundo da África do Sul. Acho que morreu.
O primeiro golaço que São Paulo marcou nessa dura disputa, foi do craque tão inesquecível quanto Leônidas da Silva: o rinoceronte Cacareco, no comecinho dos anos 60, não sei bem.
Todos os candidatos a vereador tomaram um vareio de bola de um candidato casca grossa, gordão, sem marquetero e que nada prometeu, era mudo como uma porta. Teve estimados 100 Mil Votos, mais do que a legenda mais votada.
O Rio reagiu e empatou com competência deltiana (da Delta) para produzir fundos não contabilizados para financiar nebulosas campanhas políticas, e elegeu o Macaco Tião, com esmagadora votação, 1×1 no placar.
São Paulo, porém, não pode parar. Escalou Tiririca, vindo dos cafundós de não-sei-onde, que marcou Um Milhão e Trezentos e Cinquenta Mil gols de placa, conquistando logo de cara o título de Artilheiro Máximo. Até Romário ficou de queixo caído, 2×1 pra nós.
Tiririca e Romário são os Deputados Federais mais assíduos, Deus faz assistências corretas com passes em curva.
Hoje: há possibilidade de novo empate, o Rio vem com Eduardo Mães, com possibilidade de ocupar a vaga do Macaco Tião, nunca dantes preenchida. Não acredito; nem o craque, governador Sérgio Malandro, perpetrou a façanha de capturar o encantamento que a cariocolândia sente pelo Macaco Tião.
São Paulo descobriu mais um Neymar, ungido pelo Bispo Edir Macedo, que obrou a união das mais diversas confissões religiosas, incluindo São Ibope e Santa DataFalha, e encenou o milagre da multiplicação das intenções de voto.
Malufice, audácia e cara de pau para o bem e para o mal, são alguns dos ingredientes usados na fabricação do sabonete inventado para dar outra lavada na cara do “país dos mais de 80%” — o Menino Malufinho.
São Paulo é muito capaz de mandá-lo chutar o pênalti e marcar o gol, como já o fez com o rinoceronte Cacareco e Tiririca. Cidade aberta, sem preconceitos, já elegeu para a Prefeitura uma mulher nordestina; um afrodescendento carioca; uma granfina, criadora do imortal conceito de Filosofia Pura, “Relaxa e Goza”, ex de especioso indivíduo de sobrenome milionário, cabide de caríssimas grifes parisienses, atual 1ª Dama do Joquei Clube e que se diz “mulher do povo”.
Mais recentermente, São Paulo elegeu um elemento que a granfina citada insinuou que é gay. Viver e votar em São Paulo pode ser perigoso, mas é divertido.
O que vier, veio; Democracia é assim mesmo.
Por Neil amarcord Ferreira, publicado dia 7 de setembro no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo, comandado pelo querido amigo Moisés Rabinovici.
***FRANCIS DE MELLO***
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